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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Manifesto Por uma Alimentação Viva

Se o que desejamos é a Vida, por que cultivamos a Morte?

Cultivamos a Morte quando, sistematicamente, esterilizamos o Mundo.
Imagine um Planeta estéril, um deserto sem vida e sem fim...
Pois não é exatamente isso que estamos fazendo com nossa Terra?

Esterilizamos o solo que antes abrigava milhares e milhares de espécies de árvores ervas cipós bromélias mamíferos insetos répteis bactérias aves fungos... incontáveis espécies de planta bicho microorganismo... este solo que passa a abrigar somente uma, uma única espécie... soja... milho... cana-de-açúcar... não é isso um deserto? Um deserto onde antes havia abundância de vida. O solo, que antes era vivo escuro cheiroso úmido... se torna seco pálido morto... Apenas suporte físico para que um monocultivo qualquer equilibre a balança comercial ao invés de morada de milhões de espécies. Toda vida se vai com a aplicação dos “cidas”... Biocidas... Inseticidas... Herbicidas... Fungicidas... que destroem a vida e tornam os nossos solos estéreis. Serão nossos solos capazes de produzir vida no futuro?

Esterilizamos nossas casas compulsivamente, metodicamente. Casa brilhando e estéril. Nossas crianças cada vez mais limpinhas e... frágeis... crescendo em bolhas estéreis... Esterilizamos nossos quintais bosques jardins... não suportamos ver folhas em decomposição, adubando a terra... preferimos a visão de um solo seco limpo estéril. Varremos, juntamos, queimamos e impedimos que a vida continue... junto com as folhas secas que nos incomodam tanto, varremos e queimamos as sementes que gerariam as florestas do futuro...  Esquecemos dos ciclos... vida morte vida... estacionamos na morte...

Esterilizamos nossos corpos.
Pensamos que somos apenas uma espécie... quando somos um sistema no qual vivem muitas espécies... somos a morada de muitas espécies sem as quais não podemos viver... bactérias fungos vírus.... que convivem conosco nos ajudando, entre outras coisas, a aproveitar o alimento que ingerimos, pré-digerindo substâncias que não somos capazes de digerir sozinhos...  Como esses nossos aliados sobreviverão a tantos conservantes espessantes corantes... Nos alimentamos de substâncias mortas... esquecemos que os organismos que digerem (apodrecem) os alimentos fora de nosso corpo (o que queremos de qualquer maneira evitar...) são os mesmos que o digerem dentro de nós... Conservantes... Inseticidas... Fungicidas... destroem a vida que existe em nós e que nos ajuda a digerir decompor absorver nutrir... desenvolvemos intolerâncias alergias dependências...

Além de estéreis estamos nos tornando sintéticos...
De onde vêm os elementos químicos que compõem as moléculas, que compõem as células, que compõem os tecidos, que compõem os órgãos que nos compõem?
Sim.... dos alimentos que ingerimos...
E que alimentos são esses? De onde vêm os elementos químicos que farão parte do nosso corpo, do nosso coração, de nossa pele, de nossos olhos? As células se renovando diariamente, incorporando elementos químicos absorvidos em nosso estômago, intestinos... com que tipo de alimentos? Do que queremos ser feitos? De elementos químicos que venham de alimentos sintéticos?... elementos sintéticos, fabricados em laboratórios... são esses os elementos que queremos que componham nossas células, nossos tecidos, órgãos?... ou queremos que esses elementos venham de alimentos vivos, elementos que tenham feito parte de células vivas, células que compunham tecidos, órgãos, seres... Seres que viviam em cultivos diversificados, felizes, vivos, ricos... que viviam em florestas junto com outros milhares de seres... Alimentos vivos que venham de cultivos vivos, plantados em solos vivos, e que tragam mais vida para nosso corpo.

Afinal, do que queremos que sejam feitos nossos corpos, pensamentos, sentimentos e ações?

Afinal, o que queremos? A Vida ou A Morte?

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