A cozinha dá para o quintal atrás da casa, invisível da rua. A porta para o quintal estava aberta, o garoto viu, passou pela porta e num impulso se dirigiu firmemente ao quintal. De repente, tudo muito rápido, como em um filme de suspense, a babá, num grito, agarrou o garoto a arrancou-o daquele impulso em direção à natureza. Apavorada, ela o carregou, esperneando, para dentro de casa e, de dentro para fora pela porta da rua... lugar mais seguro do que aquele quintal tão cheio de plantas!
Foi tudo muito rápido... mal deu tempo de eu dizer-lhe que não havia perigo, que o deixasse solto explorar o quintal, que o quintal era para isso mesmo, para ser explorado e visitado por crianças como ele, que Janaína sempre brincava lá fora em maior segurança.... não sei se eu lhe disse isso tudo... talvez só tenha pensado.
De onde vem esse medo? Essa distância tão grande de algo que deveria ser parte da vida de toda criança? Lembrei das estórias infantis... de João e Maria perdidos na floresta da bruxa da casa de doces, de Chapeuzinho Vermelho encontrando com o lobo mal que comerá sua avó, de Branca de Neve perdida no meio da floresta assustadora do filme de Walt Disney... e pensei no quão eficientes foram em criar essa imagem da floresta como um lugar aterrador e perigoso, lugar que deve ser destruído para que animais peçonhentos, nojentos e perigosos não invadam a nossa casa e a nossa vida....
Lhes parece tão perigoso assim esse lugar?
Abaetetuba em janeiro de 2011 |
Recebi do JOSÉ ROBERTO AZAMBUJA por e-mail porque ele não conseguiu postar direto no blog:
ResponderExcluirGostei de seu blog. Parabéns!
Em relação às histórias infantis que contêm alertas à criança quanto aos perigos da floresta, eu entendo que foram criadas para que as crianças cultivem o cuidado com a vida. Se fossem escritas hoje, os autores trariam a história para a realidade atual da 'selva de pedra', com seus perigosos becos e humanos complicados. Como são antigas, do tempo em que se morava em casas cercadas por florestas (e humanos complicados também), os autores falavam dos riscos de sua época, no entanto, numa linguagem que qualquer criança entenderia, inclusive substituindo os humanos complicados por animais etc. Espero ter contribuído e, novamente, parabenizo pela relfexão sobre o que se transmite agora às crianças. Eu também tenho um amplo quintal, com todos os 'perigos' que corri na infância: liberdade!
Perigoso? Perigoso é eu me mudar pra ele com meu filhote e maridão!! Quero um igual pro meu bebê brincar!!! Amo vc!
ResponderExcluirPode ser que saia um leão faminto detrás das bananeiras, nunca se sabe, não é?
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