Vejam o que encontrei sobre obsolescência no site (http://www.administradores.com.br): A obsolescência consiste em inutilizar um produto ou serviço pelo avanço de outros (...) Pode ser técnica ou funcional, planejada ou perceptiva (...) É considerada o motor do consumismo (...) Sem ela haveria um número extremamente menor de vendas de produtos ou serviços e, consequentemente, uma redução brusca do faturamento das organizações (...) A obsolescência é fundamental para a economia. Victor Leboux, analista de vendas e conselheiro econômico do presidente americano Dwight Eisenhower, articulou a principal estratégia para reerguimento da economia depois da Segunda Guerra Mundial, dizendo que: “A nossa enorme economia produtiva exige que façamos do consumo o nosso modo de vida, que tornemos a compra e uso de bens em rituais, que procuremos nossa satisfação espiritual, a satisfação do nosso ego, no consumo. Precisamos que as coisas sejam consumidas, destruídas, substituídas e descartadas em um ritmo cada vez maior”. São trechos do texto de Gustavo Lincoln Ricardo Pimenta. Gustavo termina o seu texto dizendo que a obsolescência é uma oportunidade para as indústrias e que deve ser feita com certos cuidados para que a empresa não denigra sua própria imagem!
E o outro lado da estória?
A obsolescência (planejada, técnica ou perceptiva) é uma irresponsabilidade humana que coloca os interesses do dinheiro acima de qualquer outra coisa, da ética com o planeta, da perspectiva de futuro para a própria humanidade, do respeito com o consumidor, da educação das futuras gerações e assim por diante.
Obsolescência planejada é um laptop ser construído para durar 3 anos. A partir desse tempo, começa a dar pau. As impressoras são planejadas para durar aproximadamente 2 anos. Depois disso, elas simplesmente resolvem não imprimir mais. Você leva a sua na autorizada e eles não consertam nada, simplesmente reprogramam-na para que ela dure mais algumas impressões e depois travar novamente. Essa brincadeira vai ficando tão cara, que o melhor acaba sendo jogá-la no lixo e comprar outra. Obsolescência planejada também é quando aquela peça que não funciona mais da máquina de lavar roupas custa quase o preço de uma máquina nova. Nem se acha mais quem troque leitor de CD porque não compensa. Temos que trocar o aparelho de som inteiro!
Obsolescência perceptiva é quando uma amiga entra na sua sala e acha cafonérrima aquela TV enorme, mesmo que ela funcione perfeitamente bem. “Você não tem TV de plasma???? Oh!.....”. Também é quando aquela calça lindíssima 6 meses atrás faz todo mundo te olhar de alto a baixo e ter pena, mesmo que seja apenas a terceira vez que você a use.
Obsolescência técnica é esse sucessivo lançamento de celulares ultra-super-mega modernos a cada dois meses fazendo com que você se sinta sempre e sempre defasada, mesmo que você nunca vá ter tempo de usar todos os cinco mil recursos que ele tem e vá somente ligar e receber ligações.
O marketing para fazer a obsolescência parecer normal é tão eficiente, que nos sentimos menores e culpados se não estamos sempre na crista da onda. Teremos sempre mil respostas na ponta da língua para explicar por que trocamos de celular, geladeira ou estante da sala mesmo que tudo funcionasse perfeitamente bem. Pior é quando não funcionam mais e temos que trocar tudo mesmo quando sabemos do impacto absurdo causado pela troca da casa inteira a cada três anos por cada consumidor do planeta (geladeira e todos os eletrodomésticos, televisão, computador e todos os eletrônicos... isso sem falar do guarda-roupas, que tem que ser renovado a cada nova estação).
Quando assistimos a filmes como “Home”, nos chocamos diante da imagem daqueles tratores gigantescos, do tamanho de um prédio, esburacando o mundo às toneladas por segundo e formando crateras do tamanho de cidades inteiras para extrair do seio da Mãe Terra a bauxita, o cobre, o níquel e tudo o mais. Diante dessa imagem, temos pena e não a associamos à TV de plasma de 40 polegadas na qual o estamos assistindo. Também deletamos da nossa mente, no momento exato em que estamos no caixa pagando, felizes da vida, a nosso novíssimo micro-ondas que vai substituir aquela velharia que não combina com nossa nova cozinha, a imagem das montanhas de lixo que se formam em lugares longe dos nossos olhos e narizes para onde o nosso velho micro-ondas vai parar.
O que fazer para não nos tornarmos reféns e cúmplices desse sistema perverso? Talvez mudar o foco da nossa atenção do Ter para o Ser. Talvez cuidarmos das nossas coisinhas com tanto amor e carinho que elas durem muito mais do que foram planejadas para durar (lembram de Blade Runner?). Talvez nos conectarmos mais intensamente com a natureza, com a Mãe Terra e lembrarmos que recursos dela são arrancados a cada nova compra que fazemos e que lixo se acumula nas suas artérias cada vez que jogamos algo fora. Que a seja dada sabedoria à humanidade e justiça para todos os Seres da Família Planetária!
* Texto originalmente publicado no "Deusa Viva", jornal mensal da Teia de Thea
* Texto originalmente publicado no "Deusa Viva", jornal mensal da Teia de Thea
Oi, Helena, bem a propósito, dá uma olhada neste filme feito na Catalunha sobre exatamente esse assunto. Beijo
ResponderExcluirhttp://www.rtve.es/noticias/20110104/productos-consumo-duran-cada-vez-menos/392498.shtml
Olá Helena, sou o autor do artigo em questão.
ResponderExcluirAgradeço pela citação.
Venho esclarecer que a intenção do artigo não é ferir os conceitos éticos e morais de produção, ou tendencioso ao consumismo.
Trato a obsolescência como uma importante ferramenta organizacional, capaz de, muitas vezes, salvar uma empresa da falência, preservando milhares de empregos diretos e indiretos.
Claro que sua prática abusiva deve ser repudiada, pois, lesa o consumidor e prejudica o meio ambiente com o material descartado na natureza.
Devemos equilibrar com bom senso a obsolescência, como também tantas outras ferramentas utilizadas e indispensáveis para as organizações.
Apreciei muito a sua crítica e só tenho que assinar embaixo.
Estou a disposição.
Gustavo Lincoln
gustavolincoln105@yahoo.com.br