Economia: “Gestão da
Escassez”
Minha caçula, de 9 anos, me disse que, quando crescer, quer ser
estilista. Naturalmente, fica com pressa para ficar adulta! Mas eu não tenho
essa pressa toda. Então eu lhe disse: “Você pode ser estilista agora. Não precisa
esperar ser adulta para isso. Pronto, você já é estilista! Posso fazer uma
encomenda?”. Pedi a ela que desenhasse um vestido para mim, e eu levaria o
modelo para uma costureira fazer. Enquanto isso, comecei a procurar uma
costureira para fazer o vestido. Mas qual o quê! Não encontro costureira que
trabalhe com malha. E o vestido que Jana desenhou é de malha. Malha, só mais de
40 peças! Só em escala industrial.
Comecei a pensar... quanto tempo leva para se fazer um vestido? Uns
2ou 3 dias? Quanto uma pessoa precisa para viver dignamente, do jeito que ela
deseja, já que esse é um direito de todos, já que somos (ou não somos?) todos
iguais (em nossa imensa diversidade). Aliás, quanto você merece ganhar para
viver dignamente, do jeito que deseja? Essas reflexões me levaram a pensar que
o vestido feito por uma costureira custaria muito mais do que eu posso pagar,
no mínimo uns R$ 600 (isso sem remunerar a arte da minha filha estilista)! E
como pode então que um vestido custe 1/6 disso em uma loja de departamentos?
Depois dos custos de material, impostos, lucro da loja, marketing, do
transporte de peças e materiais... quanto ganha a pessoa que fez essa roupa?
Como ela vive? O que come? Em que condições trabalha? Como cuida de suas
crianças? Que meio de transporte utiliza para ir ao trabalho? Ela vê o
resultado de seu trabalho completo? Ela se realiza com o que faz? Quem ganha
com o seu trabalho?
Se o que desejamos é um mundo em que todas as pessoas sejam
felizes, me parece óbvio que essa economia simplesmente não nos serve. A conta
nunca vai fechar. Então, é hora de inventarmos uma outra coisa para
substituí-la!
* Este texto não tem nenhum compromisso com as teorias clássicas de Economia. Trata-se de uma ficção documental, ou documentário poético... O título tem caráter tão somente estético.
Pois é: a conta não fecha. Se acreditamos na humanidade, então não podemos seguir com a atual economia hegemônica e o atual modelo de sociedade, de vida....
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