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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Trânsito das Coisas

   Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer no futuro, mas existe uma sensação geral e dados científicos que indicam que algo JÁ está acontecendo com o clima da Terra. Uma das questões mais importantes e talvez a menos tratada com relação à mudança do clima é o trânsito das coisas. Talvez algo como metade de toda a energia que gastamos no planeta é utilizada para transportar coisas e pessoas de um lado para o outro. Talvez mais. Mais de 30% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa se devem ao transporte. Por que será que esse não é assunto prioritário nas políticas, planos e estratégias em pauta?

   Dou um dos muitos exemplos possíveis: Vejam quanta energia é gasta em transporte para que uma porta de madeira de lei da Amazônia seja utilizada na reforma de um apartamento aqui em Brasília: Os tratores e demais ferramentas e máquinas utilizados na extração da madeira podem ter sido fabricados em Canoas/RS com ferro que foi transportado de jazidas da Bahia ou de Carajás/PA. O diesel para movimentar tratores e máquinas na Amazônia talvez tenha vindo de uma refinaria do Rio de Janeiro.  E os componentes eletrônicos? Quem sabe tenham vindo da China. E o banco do trator? E os componentes de plástico do trator, de onde saíram até chegarem em Canoas? e assim por diante...  Depois de extraída e serrada, mais energia é gasta para transportar a madeira em tábuas até Brasília. Isso sem falar do transporte de pessoas e alimento para o local da extração, cada vez mais distante, já que a extração de madeira de lei na Amazônia ainda é, pasmem, muito mais uma estratégia para o desmatamento do que fruto de manejo sustentado.

   Não seria muito mais inteligente rodear Brasília de florestas diversificadas de madeira de lei? Além de ficar lindíssimo, o clima seria, certamente, mais ameno, a umidade do ar, maior. As águas voltariam a correr alimentando os principais rios do Brasil que aqui nascem. Se essa madeira for plantada em agrofloresta, teremos também muitas centenas de toneladas de alimentos produzidos localmente. São só vantagens. Então por que continuamos trazendo madeira lá da Amazônia ao invés de produzir localmente? Por que, ao nosso redor, geramos destruição ao invés de gerar a vida que gera a matéria prima que necessitamos para nossas atividades? Por que não fabricamos aqui mesmo, no DF, as máquinas necessárias para realizar todo o processo? Por que não produzimos aqui mesmo todo o alimento que consumimos?

   Tenho alguns palpites: Na nossa economia distorcida, ganha-se mais dinheiro com o transporte do que com o que é transportado. Transportadoras, fábricas de caminhões, impostos e, principalmente, petróleo, fazem a roda da fortuna girar. Porque será que nenhum plano relacionado à questão do clima fala de reduzirmos a produção de petróleo, ponto de partida se há real preocupação com o clima? Outro palpite: Lamentavelmente, o grande negócio na Amazônia ainda é, como era há 100 anos, a especulação da terra. O grande negócio ainda é ganhar dinheiro desmatando a terra para vendê-la ao pecuarista (já temos mais cabeça de gado no Brasil do que pessoas... e eles emitem metano, um dos mais potentes gases do efeito estufa). É incrível, mas a terra nua ainda é mais valiosa do que a terra com floresta, considerada improdutiva! Que economia é essa que nos faz viver sob a ameaça de que se não gerarmos divisas, se não exportarmos mais do que importamos, o país quebra?

   Por tudo isso, é hora de termos idéias criativas de como fazer as coisas pararem de circular pelo Planeta. É urgente produzirmos o que precisamos localmente. Como começar? De uma maneira simples: consumirmos sempre a opção de produto local, pensarmos sempre se realmente precisamos daquela bugiganga que veio da China ou da Coréia para sermos felizes, comprarmos nosso alimento nas feiras de produtores locais ao invés de hipermercados, etc. Somente assim contribuiremos de fato para fomentar a produção local e para diminuir o desperdício de energia com o trânsito desnecessário de coisas. Tanto melhor para Mãe Terra!

*** Sugiro, aos que ainda não assistiram, o filme "A Estória das Coisas", disponível no youtube. 

domingo, 8 de maio de 2011

Feliz Dia da Mães!*

Hoje é dia das Mães, dia criado para vender coisas e fazer a roda da fortuna girar, mas que, como efeito “colateral”, lembra às pessoas para pensarem em suas mães e as presentearem. Aquela que foi o meio pelo qual o Grande Mistério nos fez chegar a esse mundo para vivenciar essa jornada. Aquela que cuidou de nós quando éramos bebês. Que nos protegeu de todos os perigos do mundo até que pudéssemos nos defender por nós mesmos. Aquela que nos ensinou o Amor, para que soubéssemos, ao longo da nossa vida, Amar. Ela, que passou noites em claro cuidando da nossa febre. Que nos banhou, escovou os dentes, limpou a nossa bunda e nos alimentou para que pudéssemos estar aqui, sãos e prontos para trazer mais beleza ao mundo por meio das nossas ações. A que cuidou de nós. Portanto, é dia de honrá-la. Só hoje? Não. Todos os dias. O dia das Mães serve para que os que se esqueceram disso se relembrem e possam novamente honrar esse Ser tão amado e sagrado. Nossa Mãe. Aliás, as Nossas Mães. Porque temos várias a honrar. A que nos carregou no ventre. A que cuidou de nós (e que, muitas vezes, é a mesma). As que vieram antes de nós, a nossa linhagem ancestral feminina. Se qualquer uma delas tivesse desistido, não estaríamos aqui agora. Vamos honrar e agradecer a cada uma delas. E também aquela que nos abriga, nos dá o alimento e permite a nossa vida: A Grande Mãe, Mãe Terra, Gaia. Esse organismo vivo do qual fazemos parte, do qual somos um dos componentes e cujo funcionamento harmônico permite nossa existência. Portanto, dia das Mães também é dia de honrar a Natureza sob todas as suas formas e manifestações, agradecê-la e presenteá-la. Como? Como presentear a Mãe Natureza? Cuidando dela. “À Mãe, não se maltrata”, como ouvi do Mestre Boaventura de Souza Santos. Disse ele: “À Mãe... se cuida”. Cuidar da natureza é deixar que plantas e animais possam viver. É permitir que seus ciclos se completem, que os rios corram livres, limpos e abundantes de vida. É deixar que as aves migrem, que as plantas cresçam, que os bichos se espalhem por seus territórios, em todos os lugares. Não somente lá na Amazônia ou nos Parques destinados a esse fim. Mas aqui, na nossa frente, na nossa vida. Em regra, todos querem a conservação da natureza, mas desde que seja bem longe... lá no Parque Nacional, lá na Amazônia. Porque aqui, no nosso bairro, tudo é cimentado, as árvores são cortadas dando prioridades a fios e tubulações, os bichos são dizimados, plantas sistematicamente cortadas, arrancadas e queimadas. Aqui, a natureza só serve se for toda bem arrumadinha e limpinha. Totalmente controlada. Por isso, que tal presentearmos Mãe Terra pensando em como podemos deixar o lugar onde vivemos mais cheio de vida, de plantas e de bichos, de gente bonita, saudável e feliz? 


*Texto escrito em profunda gratidão à minha querida mãe, Maria Gil, que me carregou no ventre, cuidou de mim e cujo amor incondicional permitiu e continua permintindo que eu seja como sou e viva como vivo. Obrigada, mãe.   

É maio e Abaetetuba está em Flor para celebrar o Dia das Mães!




quarta-feira, 4 de maio de 2011

Melissas

A Páscoa de 2011 será inesquecível. Os balões foram flagrados da Vila Planalto, assim que saímos, eu, Nane e Adriana para a gravação do CD das Melissas, grupo vocal da Teia de Thea. Um prenúncio dos vôos que faríamos e faremos. Os dentes de leão foram descobertos por Natália no jardim do studio de gravação. "Dente de Leão" é uma das músicas do CD. Foram dias incríveis, dos quais surgirão, além de um CD, um clip com as imagens que eu tive o privilégio de testemunhar e filmar. Aguardem...



A Infrutescência
A flor


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Coisas

Coisas...coisas...coisas...
Compramos coisas e mais coisas...
Enchemos nossa vida de embalagens, papéis, plásticos, metais, vidros, pedras, madeiras, tintas, deixando um rastro de trecos, coisas, pedaços, lixo... montanhas de lixo e mais lixo que ficarão por milhares de anos boiando nas águas do nosso planeta, enterradas no nosso solo,  no fundo dos mares e oceanos... por todos os cantos... em todos os lugares... arrasando com a vida, com a diversidade de vida, com a beleza da diversidade da vida.
Em protesto, em luto, em desespero para encontrar uma forma de extravasar minha indignação... surgiu esse "incensário emergencial". Um símbolo da minha decisão de reduzir o quanto em puder a entrada dessas coisas todas na minha vida e na minha pegada sobre o solo da Mãe Terra.