Passei alguns dias em Buenos Aires. Pouco tempo para conhecer essa imensa cidade. Conheci alguns bairros. Um deles, Flores, já me conquistou pelo nome antes mesmo de eu saber onde era. Não escrevi nada, tirei poucas fotos. Vivi intensamente cada minuto. Talvez, aos poucos, seja possível contar algumas das histórias que vivi, como a experiência de falar em um teatro para 1000 pessoas sem ter a menor ideia se estavam entendendo o que eu estava falando. Ou como quando reencontrei um amigo muito querido. Ele estava lá, torcendo e curtindo. E também o quanto foi mágico conhecer Karine, uma maravilhosa anfitriã que se tornou minha irmã em dois dias. Outro reencontro. Ou ainda, as pequenas conversas com artistas na feira. Comprei um par de brincos das mãos de quem o criou. Que pena que não comprei um lindo desenho de flores... Essa foi uma viagem para conhecer e estar com pessoas. Desta vez... acho que pela primeira vez... não fui a nenhum espetáculo, não fui ao cinema nem saí para dançar. Não assisti nenhum show, nem teatro, nem dança. Mas entrei na casa das pessoas. E fiquei encantada com o que vi e vivi. Agradeço a cada uma delas por terem permitido que isso acontecesse, por terem me recebido com tanto carinho e por terem deixado que eu as conhecesse um pouquinho.
Paradoxalmente, não fotografei ninguém. Olhando as poucas fotos da viagem, me dei conta de que não há pessoas nelas... Fotografei pensando na relação entre a cidade e suas árvores. Fiquei encantada com os prédios antigos e seus balcones. Espremidos entre modernos prédios de aço, vidro e concreto, se deterioram a olhos vistos. De cima de um terraço, olho em volta e vejo a copa de frondosas árvores espalhadas na paisagem urbana. Ando pela cidade e vejo muitos galhos cortados pelas esquinas. Árvores cortadas, também vi algumas. Mas, principalmente, árvores tristes, sem matéria orgânica aos seus pés e sem seus companheiros da floresta. Mais ainda por não verem como se dará a continuidade. Não vi as plantas jovens para substituir essas que agora nos dão sombra. E o futuro promete bastante calor e sol. Sentiremos muita falta da sombra das árvores. Ou teremos nos esquecido?
Ting é o hexagrama 50 do I Ching. O Caldeirão. Acima: LI, O ADERIR, FOGO. Abaixo: SUN, A SUAVIDADE, VENTO. Minha própria tradução. Um caldeirão borbulhando de idéias, sonhos e movimento. Que dele transborde alimento para a alma. Para a minha e para a de todos os que por aqui passarem. Buniting, para carregar no nome buniteza.
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